Vídeo-aula 3 e 4
“Ética e valores na ação educativa” e “Ética e Saúde a escola”
As ultimas décadas do século XX
foram palco de grande transformações na forma de se pensar a educação e a
escola. A democratização do ensino traduziu-se no slogan de Educação para
todos. Nesse sentido, a escola passou a receber diferentes grupos étnicos e
sociais. Com todas essas mudanças nasceu a necessidade de se buscar meios para
lidar com essa nova realidade
Os teóricos da Educação começaram
a valorizar um discurso de respeito as diferenças, busca da solidariedade e
luta contra intolerância. Para isso o professor, que é um dos principais
sujeitos no processo educativo, junto com os alunos, tem agora a preocupação e
a função de mediar essas novas relações que se estabelecerão no ambiente
escolar.
Um dos primeiro passos é fazer as
crianças e adolescentes se colocarem no lugar do outro do diferentes, passarem
ver o mundo segundo as necessidades desses novos alunos. Porém esse outro ainda
é visto de forma negativa, em alguns casos é menosprezado e excluído. Os
professores deve procurar romper com as concepções e os preconceitos que ainda
existem na sociedade e em nós, para contribuir com a inclusão e a valorização
dos alunos com necessidades especiais.
A terminologia “necessidades
educacionais especiais” aparece pela primeira vez no reino unido. Até então o
aluno que era considerado diferentes ou inferior, tinha que superar as suas
dificuldades sozinho. A partir dessa terminologia, pretendia-se ampliar a responsabilidade
também para o professor e a escola. Mas no primeiro momento essas ideias não
tiveram muito êxito pois para identificar os alunos com necessidades especiais
havia uma comparação entre eles e os colegas considerados normais. No Brasil,
essa ideia ganha espaço ganha espaço depois de Conferencia de Salamanca, que
levanta a bandeira de Educação Para todos.
Em Salamanca, o conceito de necessidades
educacionais especiais abrangia crianças em situação de risco, pertencentes a
classes sociais desfavorecidas, além de pessoas com deficiências físicas ou
mentais. Porém essa ampliação do significado acaba por favorecer também
estigmas e preconceitos, pois acaba por não considerar a diversidade cultural.
No Brasil o decreto 3.298 de 1999
delimita as necessidades educacionais especiais para os que possuíssem deficiência
física, auditiva, mental (hoje chamada de deficiência intelectual) e deficiências
múltiplas. Todas elas muito relacionadas com a área da saúde.
Para incluir e respeitar esses
novos sujeitos, o professor precisar buscar conhecimentos sobre as suas
necessidades, entender as terminologias, seus significados e limitações e
buscar colocar em suas práticas pedagógicas ações que valorizem a diversidade,
o respeito, a cidadania.
Vídeo-aula 7 e 8
“Crianças e jovens com necessidades especiais na escola – dialética da
inclusão/ exclusão” e “Contradições de valores na escola”
Katia Amorim apresenta um panorama
histórico para responder a questionamentos e colocações que colocam a processo
de educação inclusiva como negativa ou como um fardo nas costas da escola e dos
professores.
Historicamente as pessoas
consideradas diferentes foram excluídas do processo educativo. Só nas ultimas
décadas do século XX, no pós guerra, os governos passaram a tomar para si parte
da responsabilidade sobre as necessidades das pessoas com deficiência. Mas
apenas em 1994, após a Conferência de Salamanca, procurou-se mudar os paradigmas
da educação especial no Brasil e no mundo.
É necessário pensar o processo de
inclusão dentro da logica da complexidade, pois diversos atores estão
envolvidos nesse processo. Dessa forma vamos analisar quatro perspectivas
diferentes:
Família:
Através de depoimentos familiares
apontam que muitas escolas ainda recusam crianças com necessidades, com o
argumento de não estarem preparadas. As que recebem também não estão preparadas
para o desenvolvimento de um trabalho coerente e acabam tratando as crianças de
forma diferenciadas das outras chamadas normais. As crianças com necessidades
especiais são incluídas em salas comuns, mas cotidianamente são excluídas do
processo de aprendizagem, sem respaldo dos professores e preconceitos dos
outros alunos.
Outras escolas tem exclusão
social, pois a criança com necessidades especiais interage em todo o processo educativo,
mas acaba concluindo a escolaridade com uma defasagem grande de conhecimentos e
as vezes não alfabetizada, porque falta atenção as necessidades especificas de
cada criança. Por fim, falta uma parceria efetiva entre a escola e a família.
Professor:
A professora entrevistada aponta
para a importância da inclusão e dos direitos a educação, mas por falta de suporte
da direção, falta de recurso por parte do poder público e por falta de apoio da
família, acabam não contemplando as necessidades especiais das crianças e adolescentes.
Gestão:
Para a coordenadora entrevista, o
professor não se sente preparado, pois não teve uma formação apropriada para
receber os alunos com necessidades especiais e acaba limitando o seu papel a socialização.
A família duvida que o aluno vai ser bem aceito e bem cuidado e muitas vezes
acaba por boicotar o trabalho da escola. Os profissionais da saúde que até décadas
anteriores tinham um contato mais próximo com as crianças com necessidades
especiais também se vêm perdidos nesse novo modelo e se deparam com diversos
desafios. E para ela as crianças devem ser mais ouvidas, pois elas também propõem
ideias válidas e coerentes nesses contextos. Enfim, todos estão aprendendo esse
novo caminho.
Aluno:
Katia Amorim apresenta a visão
das crianças que na maioria dos casos não são ouvidas ou respeitadas e muitas vezes
são excluídas dentro das próprias escolas. Suas especificidades não são
respeitadas. E suas deficiências passam a ser tudo que elas são.
Para transformar essa situação é necessário
focar na relação professor aluno. E buscar compreender como o professor lida
com as crianças com necessidades especiais. Nesse sentido é preciso mudar essa
lógica de exclusão. A realidade aponta pra a urgência da inclusão plena, com
direito a cidadania e não a inclusão perversa.
Vídeo-aula 11
Legislações declarações e diretrizes – LuciaTinos
A professora Lucia Tinos traça um
panorama dos documentos legais de grande relevância para a temática da educação
inclusiva:
1944: Declaração Universal de Direitos Humanos
1990: Conferencia mundial sobre a
Educação para todos (ONU) na Tailândia
1994: Declaração de Salamanca (Princípios,
Políticas e Práticas em Educação Especial)
Esses documentos são frutos de um
contexto sócio histórico do pós-guerra a e luta pela garantia de direitos
negados ao longo da História também especificamente nesse conflito mundial.
Nesse sentido busca-se uma sociedade mais justa e para isso a escola passa ser
um local de exercício de cidadania.
No contexto nacional:
1988: Constituição Federal que
garante os direitos as pessoas com necessidades especiais
1996: Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (LDB), que aconteceu após Conferência de Salamanca e vem
em resposta as necessidades de Educação para todos.
2000: Critérios para a
acessibilidade de pessoas com mobilidade reduzida. Relaciona-se com a sociedade
como um todo e não apenas a escola.
2001: Plano Nacional de Educação
2001: Decreto 3.956 da convenção
Interamericana para a eliminação de todas as formas de discriminação contra a
pessoa com necessidades especiais.
2002: Lei 10436Reconhece a LIBRAS
como meio legal de comunicação e expressão
2007: Politica Nacional de Educação
Especial, que ressalta a necessidade da inclusão escolar.
As legislações do âmbito nacional
foram influenciadas por políticas e lutas nacionais e internacionais. O
documento de Salamanca foi um importante documento nesse sentido. É muito
importante que os professores conheçam esses documentos e introduzam-nos em
suas práticas cotidianas a fim de garantir e promover os direitos das pessoas
com necessidades especiais.
Vídeo-aula 12
“Como vem sendo organizada a educação especial no país”
As duas primeiras escolas
fundadas no Brasil para atender a pessoas com necessidades especiais foram:
- Imperial Instituto dos Meninos
Cegos, fundada em 1854 e passou a se chamar Instituto Benjamin Constant (IBC)
em 1981.
- Imperial Instituto dos Surdos
Mudos que foi criado em 1857. Mas em 1957 mudou de novo e passou a ser chamado
de Instituto Nacional de Educação de Surdos.
Em suas origens elas seguiam as
diretrizes europeias e desenvolviam uma formação profissional para meninos. Elas
ainda existem e mudaram conforme as mudanças dos contextos sócios históricos.
Já os deficientes mentais eram excluídos
da convivência com as pessoas normais e mesmo o âmbito educacional era mais
ligado a área da saúde.
A LDB de 1961, passou-se a
perceber de forma um pouco diferencia as necessidade educativas especiais, elas
ainda tinham uma grande ligação com a área da saúde, mas agora relacionavam-se também
com a educação. Os programas curriculares eram adaptados de forma reduzida, pois
não se acredita no potencial desses alunos. Além das escolas especiais existiam
também as classes especiais em escolas comuns.
Além dessa estrutura escolar,
existiam também nesse período instituições especializadas, que não eram
consideradas escolas, mas desenvolviam um trabalho educacional articulado a
setores da saúde.
No século XXI a educação
inclusiva passa a ser uma pratica das escolas. Os alunos agora participam das
salas regulares e os professores tem que buscar formação para desenvolver
projetos que visem a cidadania e a participação ativa de todos os alunos. As
crianças com necessidades especiais não mais são considerados culpados por suas
dificuldades e o professor tem a função de construir práticas que contemplem as
suas necessidades especificas.
Vídeo-aula 15 e 16
“Como anda a educação especial no país” e “Trajetórias escolares de
deficientes e a EJA a questão do fracasso escolar”
As vídeo-aulas 15 e 16 apresentam
através de analise de dados algumas informações relevantes sobre a situação da
Educação Especial no Brasil. Os dados do MEC apontam um aumento do numero de
matriculas de pessoas com necessidades especiais em classes regulares. Porém,
mesmo com esses dados positivos, é preciso compreender que esses números ainda
são muito pequenos e a questão das necessidades especiais é muito mais complexa
e preocupante, pois a maioria das pessoas com necessidades especiais ainda está
fora do contexto escolar.
Através de uma pesquisa em
escolas publicas e privadas foi possível perceber que é muito difícil de ter acesso
as informações precisas sobre as alunos com necessidades especiais. No geral,
as escolas demonstraram muita negligência nos registros desses alunos, ficando
apenas na memória de alguns funcionários informações sobre alguns casos específicos.
Além disso do pouco que se
conseguiu analisar é possível perceber que existe uma desorganização quando aos
diagnósticos dos alunos deficientes. Não existe uma loógica, ou mesmo uma
terminologia padrão. Muitas crianças não são diagnosticadas são somente taxadas
como deficientes. Não há uma preocupação em registro do grau de deficiência. Os
diagnósticos existentes parecem ter sido elaborados pela própria escola e ou
pelos docentes.
Entre as deficiências encontradas
é perceptível que predomina a deficiência intelectual. E um dado bem
preocupante é que a maioria dos alunos considerados com necessidades especiais
e em processo de inclusão são meninos. Surgem questionamentos sobre onde estão
as meninas com necessidades especiais, será que elas são excluídas por serem
mulheres? Ou esse número sugere que os meninos considerados indisciplinados
estão sendo taxados com algum tipo de deficiência?
Os dados demonstram também que as
crianças permanecem um tempo curto nas escolas regulares e acabam ficando mais tempo
em escolas especializadas ou em salas de recurso que deveriam apenas dar um
suporte ao ensino regular. Quando elas permanecem na escola passam em muitos
casos por processos de descontinuidades das séries, e muitas não conseguem
concluir as séries iniciais e menos ainda conseguem chegar ao ensino médio.
As escolas especiais acabam tendo um grande público de jovens
e adultos, mas por elas não certificarem, e também por não estarem
alfabetizados, muitos procuravam a EJA.
A educação de jovens e adultos é garantida na LDB e o
Parecer CEB de 2000. Porém na pratica essa modalidade sempre foi deixada de
lado pelo poder público e em muitos casos foi a sociedade civil e o terceiro
setor que sempre buscaram garanti-la.
Os dados apresentados nas vídeo-aulas mostram que o número
de alunos com necessidades especiais matriculados na EJA cresceu. Dentre eles a
deficiência mais comum é a mental ou intelectual. Porém mesmo nessa modalidade
são poucos os alunos que conseguem a certificação.
Vídeo-aula 19 e 20
“O todo pela parte” e “A complexidade no estudo dos processos desenvolvimentais
humanos”
Segundo Goffman, o estigma se dá
quando um sujeito não é aceito socialmente por algum atributo. Não se enxerga
outros elementos positivos seus, graças a esse estigma. É preciso desenvolver
relações e não se valorizar apenas os atributos isolados. Pois, um atributo
pode servir para estigmatizar uma pessoa e outra não.
A estigmatizada pode ser pensada
em duas esferas:
Estigmatizado desacreditado,
quando a sua deficiência é muito evidentes e antes de conhecer suas especificidades
e já o nega, ou o menospreza. No caso do estigmatizado desacreditável, sua deficiência
não é percebida facilmente e portanto as pessoas levam um certo tempo para
conhece-lo, e nesse caso, ele pode ou ser vir a ser estigmatizado.
Normalmente uma
pessoa com deficiência sofre com acrescimentos de problemas e defeitos
associados as suas necessidades especiais. Além disso ocorre também a
generalização da deficiência.
Para evitar esse tipo de
situações as famílias tentam proteger as crianças e acabam optando por manda-los
para escolas especiais. Porém esse mecanismo não é o mais apropriado pois a
criança tem que se adaptar a conviver com pessoas consideradas diferentes.
Historicamente as crianças com
necessidades especiais foram estigmatizadas, excluídas e em alguns casos ate assassinadas.
É preciso enxergar mais que as deficiências nas pessoas com necessidades
especiais. O professor precisa conhecer o seu aluno, seus problemas. Entender e
utilizar corretamente as terminologias que são fundamentais para evitar
preconceitos e constrangimentos.
O professor deve pensar o seu
aluno em toda a sua complexidade. Entender que a criança se desenvolve biologicamente
e também em relação com outro em um contexto cultural e sócio histórico. Para entender
a criança é preciso investigar a vida dela, com quem ela convive, onde vive,
como é sua casa, como se relaciona na família, na escola, com os professores. Através
desse conhecimento é possível romper com as estigmatizações. Nesse sentido quebrar
esses estigmas é fundamental pra uma convivência democrática e cidadã.
Vídeo-aula 23 e 24
“A educação de pessoas com necessidades especiais é de fato ineficaz” e
“Modelos de ensino das concepções docentes às práticas pedagógicas”
O professor tenta homogeneizar
seus alunos e aqueles que não se enquadram acabam sendo estigmatizados. Para evitar
essas discrepâncias e discriminações os professores tem que buscar meios de
favorecer e desenvolver aprendizagens significativas para todos os seus alunos,
respeitando as diversidades e as especificidades de cada um.
No caso dos alunos com
necessidades especiais, é preciso buscar elementos que contribuam com esse
desenvolvimento. Cada deficiência tem ferramentas e dispositivos específicos e
é papel do professor identificar e trabalha-las de maneira coerente.
O ser humano tem uma capacidade
de se adaptar segundo as necessidades do individuo que é chamada de “plasticidade
cerebral”. Essa situação é muito comum em crianças e pode vir a desenvolver funções
não creditadas a ela. Para estimular essa criança, entende-la e contribuir com
o seu desenvolvimento o professor e a escola precisam conhecê-la, procurar
parcerias com profissionais da saúde para diagnosticas as deficiências e necessidades
especiais dessa criança, respeitar o seu tempo e suas potencialidades.
Toda a conjunta da sociedade contemporânea
mudou o papel da escola, e a inclusão é um dos grandes desafios dessa escola e
principalmente do professor. O professo tem buscar mecanismos nesse novo
processo e para isso buscar uma integração dos conhecimentos escolares,
buscando assim um trabalho interdisciplinar e transversal. A escola não pode
desenvolver práticas descoladas da realidade, e por isso o professor deve
buscar associar os conhecimentos a vida cotidiana dos alunos e da comunidade
escolar. Diante dessa lógica, mais do que valorizar a realidade dos alunos se
faz necessário, mas o próprio alunos deve ser visto como sujeito principal de
todo esse processo de aprendizagem.
Mas o professor não pode e não
deve fazer tudo sozinho, pois se não o trabalho não se sustenta. É preciso
articular todos as dimensões envolvidas de alguma forma no processo educacional:
a família, a comunidade, a escola e os
profissionais de saúde. Pois só assim será possível o desenvolvimento de
conhecimentos significativos e voltados para a realidade social da criança com
necessidades especiais.
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